O sonho realizado da Mariana

Hoje foi um dia para nós, TAUA, particularmente gratificante. Estivemos presentes, a pedido da Mariana, num momento inesquecível para ela! Foi entregue a cadeira de rodas automática, sonhada e desejada por ela. A Mariana é uma menina de 22 anos, natural da Ilha Terceira e estudante na nossa Universidade. Para muitos é apenas mais uma estudante... mas a Mariana, é especial.
Conheçam a história de alguém que sonhou e alcançou todos os seus obstáculos! 
Mariana, toda a sorte do mundo para esta nova etapa e .. Sempre a Cantar 

E para a Mariana, não vai nada nada nada?? TUDO!!!
" Tenho 22 anos e nasci com uma paralisia cerebral espástica motora provocada por falta de assistência médica uma vez que nasci prematura (6 meses e 2 dias) e com 970 gramas. As várias lesões cerebrais causadas por diversas paragens respiratórias "confinaram-me" não apenas a uma cadeira de rodas mas deram-me também a conhecer o bom e o péssimo das pessoas.
Apesar de inicialmente nada ter sido detectado pelos médicos, uma vez que já era a sua segunda gravidez e eu nem me equilibrava sentada, a minha mãe resolveu pôr mãos ao trabalho e percorrer diversos médicos que me diagnosticaram então a paralisia. 
Na tentativa de entrar para a escola primária tive uma professora (que não o chegou a ser) que me disse que nunca me daria aulas porque eu nunca iria conseguir aprender. Tive outra que (tal como
fazia a imensas crianças) me batia. 
Na generalidade dos casos, as pessoas nunca acreditaram nas minhas capacidades, a não ser a minha mãe que sempre lutou para que me mantivesse no ensino regular. Mantive-me. Conclui o 12º ano. Candidatei-me à universidade para o meu curso de sonho e, mais uma vez para espanto de todos, entrei.
Mudei de ilha, enfrentei adversidades, lidei com imensas coisas - tal como todos os adolescentes que vão estudar para fora - mas sobretudo com a dificuldade de me adaptar a um espaço novo, a uma realidade nova tendo limitações físicas e dificuldades várias. Há quem diga que sou preguiçosa, e durante muito tempo fui-o. Revoltei-me contra a minha condição (e ao contrário do que muita gente afirma, não é por ter nascido assim que é mais fácil aceitar) e entreguei-me à inércia. 
Chegou a um dia que eu respirei fundo e pensei: "um dia olharei para o lado e não terei a minha mãe, não terei um curso, uma casa, uma vida...se desistir agora de ir para S.Miguel o que farei aqui? Ficarei no desemprego? Não. Não quero."
E vim, dependo da ajuda de pessoas, não gosto disso, não me sinto bem com isso mas, engulo e agradeço porque sei que preciso! Sei que um dia posso não ter mais nada, posso não ter a minha mãe e posso até não conseguir tirar este curso mas, tentei. Dei o meu melhor, como há muito tempo não dava ou até como se calhar nunca tinha dado antes. 
Cada dia aqui é uma incógnita maior do que era quando eu estava em casa e passou a se-lo ainda mais quando o objecto que alguma autonomia me dava avariou, poucos dias depois de chegar cá.
Não sabia que a Andreia Medeiros tinha escrito para o blog Cocó na Fralda da Jornalista Sonia Morais Santos! Mas, posso adiantar que é um blog que (apesar de só ter comentado uma vez) leio diariamente. Posso adiantar que se um dia chegar a ser jornalista, quero ser como ela! 
E como mulher, pretendo ser cada vez como a Andreia! Pretendo ajudar cada vez mais os outros e dar
cada vez mais de mim. Porque não penses que é só chegares aqui e dizeres que eu sou uma lutadora, o máximo etc etc. essa força também vem de toda a força que eu recebi de ti, da Antónia Sousa e de todas as pessoas que me ajudaram desde que cá cheguei!
Espero sinceramente conseguir ter a minha cadeira, ganhar um pouco mais de liberdade e sobretudo espero ansiosamente pelo dia que possa estar cara a cara com a grande jornalista e blogger que é a Sónia!
Não desisti ontem, não desisti hoje, certamente, não irei desistir amanhã ** " Mariana Candeias



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